Tombado sejas, Rebouças


Foto da antiga Mate Leão retirada do site:http://abertopublico.blogspot.com.br/2011/04/cheiro-do-bairro.html

Besta! Juro que nunca tinha reparado nas placas azuis dos postes o nome pequenino escrito em amarelo em ode  a dois engenheiros negros  Rebouças.  Talvez por essas placas azuis ficarem sempre na passagem entre  os demais bairros e o Centro, passagem como Curitiba entre Viamão e Sorocaba, se fez um bairro antigo em vários aspectos, industrial, mas se tornou antigo e ultrapassado pelo “maldito” CIC. E desde que JK resolveu apostar todas as fichas no transporte rodoviário, a origem ferroviária da cidade perdeu o sentido, como tudo que se relaciona a origem parece se perder, e a antiga estação hoje se cobriu de “marcas” onde o Rebouças, tolinho,  já se diz Centro.
O Rebouças inflama uma Curitiba de viés, uma cidade não muito preocupada em se saber o que é, mas o que está, e está sob ele o rio Água Verde acimentado e sujo, talvez uma coisa justifique a outra.
Mas na minha humilde opinião, o Rebouças é um dos bairros que melhor representa Curitiba, ali sempre perto, mas também longe, sem falar muito,  nos botecos, história viva, feito vendas das décadas de 1950, desenhando em paralelas as ruas do bairro, a Marechal, a Getulio, 24 de maio, tudo por ali, sem saber que é ali.
De uns tempos pra cá, assim como Curitiba, ali passou a ser habitado, habitado e habitado, então veio à necessidade de se reviver aquele local, quer potencial melhor? Um Soho sem o sentido londrino da palavra, apenas um novo Batel, com vida, comércio e tudo mais, nas casas antigas, prédios históricos e as pessoas indo até o Rebouças.
O Soho não deu certo, mas mesmo assim milhares de pessoas começarão a ir ao Rebouças como destino (mas também como passagem para uma suposta “vida eterna”), já que ao divino é atribuído tudo aquilo que o não saber lhes compete, aquele prédio feio da Mate Leão tombou para dar lugar a um templo da Universal do Reino de Deus, e tombou-se o que Curitiba foi um dia a IURD soterra, aplaina, e demoli com isso um pedaço de cada curitibano, que além do Largo de Marilda Confortin, também tem no Rebouças sua origem, sua passagem, o misto de santo que destrói o profano sendo profano também, Rebouças tombado sejas, para que não sejamos esquecidos  de sermos curitibanos.

Elian Woidello

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